Produção original da TV TJ Minas, o documentário “Chica da Silva – A Descoberta do Testamento” foi lançado, na noite da última terça-feira (25/2), no Auditório do Tribunal Pleno, no edifício-sede do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Além da exibição do filme, o evento marcou o lançamento das reportagens especiais sobre a personalidade da história mineira.
O documentário e as reportagens apresentam informações que, até então, eram pouco conhecidas do grande público sobre uma das figuras mais icônicas da história do estado. Os materiais elaborados pelo TJMG abordam a descoberta do testamento de Chica da Silva, ajudando a desmistificar narrativas que não condizem com a realidade histórica.
O testamento de Francisca da Silva de Oliveira, que permaneceu desaparecido por mais de 200 anos e hoje está sob a guarda da Memória do Judiciário Mineiro (Mejud) do Tribunal de Justiça, desvela a história por trás da construção mitológica de romances e novelas. Das origens como mulher escravizada no século XVIII até a ascensão social por meio da união com João Fernandes de Oliveira, contratador de diamantes e um dos homens mais ricos e influentes do Império Português, o documentário e as reportagens propõem uma nova perspectiva sobre a mulher que marcou sua época.
O presidente do TJMG, desembargador Luiz Carlos Corrêa Junior, destacou o papel da Corte mineira na preservação da história: “Nós temos inúmeros documentos históricos que devemos conservar e, não apenas isso, devemos também divulgar, porque são fontes históricas primárias e que devem ser estudadas. O passado ensina o presente, e nós precisamos ter essa noção. O Tribunal de Justiça demonstra uma preocupação muito grande, não apenas com o aspecto histórico, mas com o aspecto cultural. Por isso, produzimos e estamos divulgando esse documentário que apresenta o achado desse testamento, o que nele se contém e sua importância para a história do Brasil”.
Segundo o superintendente da Mejud, desembargador Osvaldo Oliveira Araújo Firmo, o testamento de Chica da Silva será restaurado e disponibilizado para consulta pública. “Esse documento relativo à Chica da Silva foi descoberto na administração do desembargador Caldeira Brant, que deu a notícia no evento comemorativo dos 150 anos do Tribunal de Justiça, em 2023. No nosso arquivo, temos um departamento de restauro de documentos, e esse testamento vai ser reconstituído. Em seguida, vai ficar à disposição da sociedade, dos curiosos e dos estudiosos. Isso é uma forma de resgatar a memória daquela época, ainda mais pela figura da Chica da Silva, que é um ícone, uma mulher que foi importante na história de Minas Gerais”, afirmou.
A historiadora Júnia Ferreira Furtado, professora da UFMG e autora da obra “Chica da Silva e o contratador dos diamantes” (2003), ressaltou a importância da descoberta do testamento e a guarda do Livro de Registro de Testamento do Serro n. 35 pela Mejud do TJMG: “É sempre importante um documento público voltar ao seu local de origem e ser guardado por uma instituição pública. Então, a gente tem que celebrar esse retorno, que abre para consulta o livro que tem o testamento da Chica da Silva e de várias outras pessoas daquela época no Arraial do Tijuco”.
Documentário e reportagens
O documentário “Chica da Silva – A Descoberta do Testamento” e as reportagens especiais apresentam o aspecto real da personalidade histórica que era conhecida apenas por historiadores e especialistas. Chica da Silva se popularizou a partir do filme de Cacá Diegues (1976) e da novela exibida pela extinta TV Manchete (1996-1997). Os materiais elaborados pelo TJMG abordam a descoberta do testamento, ajudando a desconstruir narrativas que não condizem com a realidade histórica.
Depoimentos de descendentes e documentos como a carta de alforria e o próprio testamento, além de imagens das cidades mineiras pelas quais Chica da Silva passou (Diamantina, Serro, Milho Verde e Santa Luzia) ilustram o documentário e as reportagens.
“Chica da Silva – A Descoberta do Testamento” é um passeio de 50 minutos pela vida de uma mulher escravizada, que enfrentou o racismo e o machismo para se impor na sociedade conservadora da época. O documentário está disponível no canal oficial do TJMG no YouTube.
Mesa de honra
A mesa de honra do evento de lançamento do documentário e das reportagens foi composta pelo presidente do TJMG, desembargador Luiz Carlos Corrêa Junior; pelo 1.º vice-presidente, desembargador Marcos Lincoln dos Santos; pelo 2.º vice-presidente e superintendente da Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (Ejef), desembargador Saulo Versiani Penna; pelo 3.º vice-presidente, desembargador Rogério Medeiros Garcia de Lima; pelo corregedor-geral de justiça de Minas Gerais, desembargador Estevão Lucchesi de Carvalho; pela vice-corregedora-geral de justiça de Minas Gerais, desembargadora Kárin Liliane de Lima Emmerich e Mendonça; pelo superintendente administrativo adjunto, desembargador Vicente de Oliveira Silva; e pela juíza Lívia Lúcia Oliveira Borba.
Comments